
Para você, o que construir uma marca do zero significa? Sabemos que você é a idealizadora de empresas exponenciais como PHYTOERVAS, PHARCANGELI, PHYTÁ, éh! COSMÉTICOS, BEAUTYIN. Como você faz para administrar e manter a reputação de cada uma delas?
Cada empresa teve o seu momento. A PHYTOERVAS foi inaugurada em 1986 e foi vendida em 1998. Após 15 anos no mercado de importados, surgiu a ÉH! COSMÉTICOS, que teve seu início em 2006 e vendida em 2009 para Hypermarcas.
Como cada empresa tem seu momento, cada uma tem uma estratégia diferente, até porque são segmentos diferentes, outros canais.
Atualmente você é uma das mulheres mais reconhecidas no país, encoraja o público feminino e mantém-se elegante em sua imagem. Conte-nos sobre seus mais expressivos desafios empresariais nessa importante trajetória.
O desafio é que quando você começa a ser formador de opinião em qualquer área, a sua responsabilidade de fazer mais e melhor aumenta, pois você não é mais responsável só pelo o que você faz, você se torna responsável por inspirar outras pessoas. Então, para mim, vejo isso como uma grande responsabilidade que foi Deus que me deu e acabou se tornando minha missão (risos). São 30 anos de muita história!
Em um mercado extremamente competitivo, como foi introduzir os eventos de moda e beleza ao mercado brasileiro?
Não foi uma coisa inicialmente pensada, aconteceu por acaso. Eu fiz um concurso de moda que chamava Look of the Year, do John Casablanca que, inclusive, patrocinei no Brasil com a PHYTOERVAS Look of the Year e com isso, tive mais contato com esse mundo da moda.
Neste desfile eles fizeram uma apresentação da moda brasileira de estilistas brasileiros. Quando terminou o desfile, eu, como mulher, me interessei pelas roupas que eram incríveis e fui atrás para saber quem era o estilista - porque não existe você criar uma marca de cosméticos de representatividade internacional se essa marca não for de um estilista; no mundo inteiro todas as marcas de representatividade são de estilistas. E então, com interesse, fui conhecer.
Chegando lá, conheci o Walter Rodrigues. Propus que o lançássemos como estilista, e que “amanhã”, quando ele já estivesse mais consolidado, lançássemos uma coleção de cosméticos com a marca dele. Depois fui atrás de outros estilistas, como Alexandre Herchcovitch e Fause Haten.
Com esses três estilistas, fizemos um desfile de lançamento e foi muito maior do que eu esperava. Assim nasceu o Phytoervas Fashion que acabou se tornando a primeira semana de moda do Brasil. Fazíamos 9 desfiles por edição, 3 desfiles por dia, com estilistas de coleções menores. O negócio foi escalando, fizemos o desfile no Ginásio do Ibirapuera, com 21 mil pessoas de público nos 3 dias e foi o primeiro evento de moda televisionado ao vivo pela MTV. Fizemos também o prêmio Phytoervas Fashion Awards que também foi televisionado ao vivo pela MTV, onde até a Gisele Bündchen ganhou como modelo revelação. Então foi assim que começou!
Quais são os projetos de inovação adotados pelas suas empresas, quais são os controles de mídias sociais e quais as dificuldades enfrentadas em relação à proteção das marcas.
Bom, todas as marcas foram superinovadoras e ganharam milhares de prêmios de inovação. Só a BEAUTY’IN ganhou mais de 24 prêmios, então a marca é desenvolvida com base no conceito, no propósito, ela nasce assim.
Como, por exemplo, a PHYTOERVAS lançou o primeiro shampoo sem sal do mercado, mudamos o nome de creme de banho para máscara de cabelo, lançamos o primeiro frasco em PT, desenvolvemos ingredientes utilizados em homeopatia, etc.
Já a ÉH! COSMÉTICOS deu um passo à frente, pois é uma linha além de natural, é orgânica - foi a primeira linha de shampoo com a base verde, orgânico, anti-idade e com ingredientes que trouxemos da alimentação para os cosméticos. Nessa linha também tivemos frascos diferentes de shampoo e condicionador.
E por fim, a marca que mais inovou, que eu falo que é o meu Oscar, foi a criação de uma nova categoria mundial, uma coisa que ninguém nunca tinha feito nem aqui no Brasil e nem no exterior, com a BEAUTY’IN. Aí sim foi uma inovação disruptiva, bastante importante, pois criamos a categoria de alimentos com colágeno. Lançamos em 2009 e agora, após 10 anos é que as pessoas começaram a falar de colágeno e começaram a surgir produtos com colágeno no mercado. Mas tivemos que romper muitas barreiras, inclusive na Anvisa, pois as pessoas não entendiam como funcionava.
Em relação às marcas, como essa categoria era muito nova, consegui registrar o que teoricamente deveria ter sido nome de categoria, como BEAUTY’IN DRINK, mas lá trás eu já havia conseguido registros no Brasil e fora - tenho mais de 130 registros. Além disso, lançamos a expressão ALIMÉTICOS, alimento com cosmético. Com isso, terceiros estão reproduzindo as marcas e as categorias, na classe 05 para produtos farmacêuticos, etc.
Quanto às mídias, o controle sou eu mesma (risos). Isso é uma coisa que eu olho pessoalmente todos os dias, pois é muito importante o seu tom e o tom que você fala com o seu consumidor e com as pessoas. A mídia social hoje tem a capacidade de construir ou desconstruir uma marca muito rapidamente. Então tem que ter uma pessoa que é guardião do conceito da missão e da estratégia, tem que ter alguém responsável por isso e esse alguém precisa acompanhar de perto. E como no meu caso sou eu e não terceirizo para ninguém, pessoalmente olho todos os dias as mídias sociais para controlar o que está sendo postado, de que jeito, qual é a estratégia, qual o conteúdo da semana, etc.
Conte-nos sobre os desafios no Shark Tank e as startups brasileiras. Esse é realmente o futuro?
O futuro do mundo é o empreendedorismo, não tem outro caminho.
Se olharmos um pouco o caminho que outro está indo, seja digital ou tecnológico, cada vez mais nós vamos precisar de emprego. Realmente acredito nisso e acho que as startups brasileiras têm o desafio de vencer o Brasil em primeiro lugar. Empreender e começar um negócio é difícil, mas empreender e começar um negócio no Brasil é ainda mais difícil.
No Shark Tank sempre vemos muita gente despreparada, que começou um negócio com uma ideia e acreditou que a ideia seria o suficiente - eu sempre falo que não é. Quer dizer, a gente precisa ter uma ideia alinhada à uma boa gestão, e uma boa estratégia. Não adianta ter uma boa ideia sem ter uma boa gestão e uma boa estratégia, e muitas vezes eles não têm. Então, quando entramos em ação, é justamente para dar apoio na gestão e estratégia para ajudar o negócio a escalar.