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ENTREVISTAMOS FREDDY RABBAT (Parte 2 – Mercado de Luxo das relojoarias)

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Freddy Rabbat é presidente da ABRAEL – Associação Brasileira das Empresas de Luxo e Distribuidor da TAG Heuer Brasil. Com atuação há mais de 30 anos no mercado, introduziu a Montblanc para o Brasil e também atuou como Managing Director da Emilio Pucci.

 

Qual sua opinião sobre o produto falso e como as marcas de luxo se posicionam no combate à pirataria?

 

Um dia me perguntaram em uma entrevista: e o produto falso?  Ele te atrapalha? Eu falei uma frase um pouco dura: Quem usa falso, merece. O produto de luxo é um presente que você dá para si mesmo ou para quem mereça. Por exemplo, o filho entrou na faculdade, o pai vai comprar uma bela caneta ou relógio de presente para ele. O pai está fazendo aniversário, o filho vai comprar um belo relógio ou sapato para dar de presente para ele. Agora, o pai vai fazer aniversário e o filho compra um relógio falso? Este pai falhou na educação.

 

Algumas pessoas falam que usam falso porque não querem ser assaltados. Mas não usa falso, compre uma marca mais acessível. O falso está alimentando o crime e você está desmerecendo você mesmo. Na era da sustentabilidade, nada é mais poluente do que o produto falso, porque ele gera lixo o tempo todo.

 

Em relação ao combate à pirataria, as marcas fazem isso diretamente de fora de forma muito forte. Ainda, elas precisam de colaboração dos governos. Aqui no Brasil, recentemente, tivemos grandes apreensões em revendedores e lojas, mas seria bom aumentarmos os controles nas fronteiras. Aqui, ao se taxar loucamente certas indústrias, como a do tabaco, acaba abrindo para os contrabandistas trazerem cigarros brasileiros do Paraguai e o Brasil não combate como poderia.


 

E no mercado de relógios, o que te atrapalha em termos de contrabando e importação paralela?

 

O que atrapalha são os sites de revenda online, que estão entupidos de produtos contrabandeados. São aquelas pessoas que viajam, compram diversos relógios e vendem online. Nós não conseguimos brigar com essas pessoas. De vez em quando, a gente compra um desses relógios porque eles têm numeração e consegue-se localizar de onde veio e quem vendeu para ele.

 

O problema é que o consumidor não sabe o que é verdadeiro nos sites de revenda online. Ele pode achar que está comprando um verdadeiro, mas recebe o falso ou ele pode estar comprando o verdadeiro e recebe um usado ou quebrado. O Brasil acaba incentivando essa prática com os impostos altos para quem quer fazer o trabalho direito.

 

O sujeito consegue comprar de um varejista lá fora, paga caro, traz para cá, ganha pouco, vende informalmente e só atrapalha o mercado. E não há uma diferença grande de preço. Como disse, nos relógios, não passa de 5% entre comprar fora e no Brasil. Nos sites de revenda online, você acha relógio mais caro que na loja e mesmo assim vende. Por quê? Cultura. Por causa do aumento de preços que houve no passado pelos impostos, que gerou uma diferença entre 20-80% do preço de fora do Brasil, o consumidor começou a comprar fora e não quis mais saber de comprar dentro do Brasil. Mesmo após as marcas diminuírem a margem para ficar com preço próximo ao preço dos Estados Unidos. Foi tarde demais porque a cultura já está instaurada.


 

As marcas do mercado de luxo têm estado muito presentes atualmente nas redes sociais e tentando ‘conversar’ com os millenials. Da sua experiência com a TAG Heuer, por que você acha que existe um foco nesse público e por que você acha que é preciso conquistar novos consumidores?

 

As marcas começaram a querer se comunicar com garotos de 15 anos e com os millenials. Os millenials não compram nada até os 35 anos porque não têm dinheiro. Eles querem experiências, eles querem viver e dar a volta ao mundo. Eles não querem carro, casa, não querem ter, mas viver. Então, por que a comunicação é com esses jovens? Eles vão comprar quando? Vão comprar com 30, 35 anos e não vão comprar agora. Então, todas as marcas estão investindo para daqui a 20 anos? Não. Quem é que te aconselha, que fala o que está na moda? Seu filho, o jovem, seu sobrinho. Eles estão antenados porque estão o dia todo no Instagram, no Snapchat e nas redes sociais.

 

Essa garotada recebe esse monte de informação para transmitir para os adultos e obviamente eles vão virar consumidores em algum momento. Hoje, o marketing está cada vez mais louco. Por exemplo, ninguém mais vê ou lê revista. O mercado está cada vez mais voltado para as redes sociais e a gente também, nós nos comunicamos e vemos as coisas por influência dos millenials.

 

Especificamente da TAG Heuer, ela veio do automobilismo. O primeiro relógio da TAG Heuer chamava-se Autavia, que vem da ligação do automóvel e auto aviação, então sempre foi muito ligado à mecânica, à corrida, à carro. O Senna, por exemplo, nós continuamos trabalhando, fazendo duas, três, quatro edições por Senna e com todo mundo querendo comprar.

 

Por outro lado, também tem a comunicação com os influencers mais novos. Vou dar um exemplo para vocês. Um dia meu filho estava com 15 anos e aí a TAG Heuer tinha anunciado como embaixador o Alec Monopoly, eu nunca tinha ouvido falar dele e não tinha entendido a escolha da TAG Heuer. Cheguei em casa, meu filho veio falar que viu que a TAG Heuer está trabalhando com o Alec Monopoly. Todos os seus amigos o seguem, veem as fotos, grafiteiro de maior sucesso.  Então, essa é a comunicação com os jovens. Eles são os atuais influenciadores dos verdadeiros consumidores.

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