
A Moda Imita a Vida
Na moda ou na vida estamos sempre buscando o nosso espaço. Nos perguntando “como” e “para aonde” nos movimentar. Como se tudo precisasse ser encaixado no campo da racionalidade (ou da afetividade) para existir.
E diante de todos os desafios de crescer e descobrir “quem somos”, a moda permite que representemos a nós mesmos (e ao outro) como nos vemos e como gostaríamos de ser vistos. Através do exercício da moda criamos a nossa identidade.
Não à toa dizem que se conhece um homem pelos seus sapatos. Eu diria que pelo sapato, a calça, os acessórios – e até a ausência deles. Por meio de uma comunicação não verbal, o que vestimos é como um atalho aos olhos dos outros, que ajuda a formar as primeiras opiniões a nosso respeito.
Do seu lado agora tem uma pessoa dizendo “olha como emagreci” ou “preciso parecer sério hoje”. Talvez “acabei de ficar solteiro”, “olha como a academia está funcionado”. Ou “esta é a marca que eu uso, pois gostaria que prosperasse”.
Isso se entendermos que além de apenas roupas (que talvez nem estejamos mais precisando), moda pode ser expressão. Poesia. Um jeito bonito de viver e se mostrar. Não só de olho nos ganhos (materiais) de utilidade, mas pelo valor simbólico das nossas escolhas. Que podem traduzir tanta inspiração ou referencias quanto a arte. Ou a vida.
Que o consumo não deve ser pautado pelo que os outros dizem que devemos comprar. Nem quando (e o quanto) eles dizem que devemos comprar. Ele deve ser fruto das nossas escolhas. Da curadoria das coisas que devem fazer parte do nosso mundo. Coerente com as nossas crenças, desejos e valores. E que cores, formas e texturas podem se combinar para expressar sentimentos.
Que ao invés de uniformizar, a moda pode (e deve) individualizar. Pois tanto na vida quanto na moda temos a chance de buscar o (nosso) caminho da felicidade e da autenticidade. É só estar disposto a - verdadeiramente - olhar para dentro.
O que a sua roupa diz sobre você hoje?
André Carvalhal
Escritor
Diretor criativo AHLMA