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Um dos grandes hits da moda brasileira, a FARM é uma marca nascida e inspirada no Rio de Janeiro e suas cores e brilho. Com coleções sempre originais, autênticas e contemporâneas, é visível o cuidado da marca em unir arte, design e elementos da natureza.  Assim, especialmente suas estampas são únicas e objeto de desejo de seu público. Tal estilo, já tão característico e identificador da marca, é aplicado até mesmo em produtos de terceiros, como Adidas, Havaianas, Jansport, Birkenstock, todas estas marcas de renome e prestígio internacional, e parceiras da FARM.

 

Como parte de seu sucesso, a marca adota uma postura consciente e em linha com o movimento atual de sustentabilidade na moda. Taciana Abreu, responsável pela área de marketing da FARM e participante dos projetos de internacionalização e de desenvolvimento sustentável da grife, conta aos leitores do MORE Brands and Fashion sobre tais desafios e as iniciativas da marca neste sentido.

 

Na sua visão, o que é moda?

 

Moda é comportamento.

 

Em um mundo acelerado e dominado pelas fast fashion, o que levou a Farm a pensar na moda de um jeito diferente, consciente e com atributos sustentáveis, já que sabemos que vocês participam de iniciativas como a Re-Roupa e a Escola Flor&Ser?

 

É um caminho sem volta. A Revolução Industrial criou sistemas lineares de extração, produção, consumo e descarte. Está mais do que claro que este sistema é insustentável, já que trabalha no sentido da maximização do lucro e do esgotamento dos recursos planetários enquanto descarta valor. O resultado é uma desigualdade social imensa e um impacto ambiental desastroso. Estamos apenas começando a fazer a nossa parte, olhando para a nossa cadeia e entendendo onde podemos reduzir nosso impacto ambiental negativo e onde podemos aumentar nosso impacto social positivo.

 

Em relação ao projeto Re-Roupa, pode brevemente nos contar sobre a logística da Farm de recolhimento dos resíduos e envio às cooperativas de costura e projetos sociais?

 

A Gabi Mazepa, do Re-Roupa, vem trabalhando o "up-cycling" desde o início da sua carreira, ainda enquanto estava na faculdade. O trabalho dela traz uma reflexão muito poderosa e necessária nos dias de hoje: como aproveitar a matéria prima que já existe? Como criar roupa de roupa? A verdade é que não precisamos mais produzir matéria prima têxtil. O que existe no mundo é suficiente para realimentar a indústria. Esta é a lógica da economia circular e, quando se precisar de novas matérias primas, que elas sejam produzidas de forma regenerativa para o meio-ambiente e não degradante.

 

Aqui na FARM temos algumas muitas toneladas de resíduos têxteis, sobra de matéria prima e sobra de roupa. Criamos o projeto RE-FARM para que todas as áreas da marca pensem mais fortemente em: como reduzir nossas sobras? Como repensar nossa forma de produzir e vender? Como reciclar mais? Como podemos reutilizar mais os recursos que temos? Todas estas reflexões têm gerado novas soluções que demandam novos processos. Hoje, a Gabi vai nos nossos dois depósitos de sobra de roupa e matéria prima e escolhe a dedo o que ela quer trabalhar, pois temos um compromisso grande com a beleza do resultado final. Este é um grande aprendizado também, a roupa vinda de um processo de up-cycling tem que ser tão linda quanto a roupa nova, tão fresca e desejo quanto a roupa nova.

 

Na escola Flor&Ser, a participação dos funcionários da FARM é de fato efetiva? Houve um aumento na produtividade por conta do “marketing com propósito”, “capitalismo consciente” e outros incentivos aplicados no projeto?

 

A Flor&Ser ajudou a semear e a fazer brotar uma nova consciência, uma nova cultura interna. Informação e reflexão são fundamentais neste processo de evolução.

 

Vocês sentem uma resposta direta do consumidor, em termos de atratividade da marca, como consequência destes projetos e posicionamento da FARM neste contexto da consciência da moda?

 

Sinto que os consumidores vêm exigindo cada vez mais isso das marcas e sinto que existe uma receptividade enorme quando a marca responde. É um grande diálogo e quando se dialoga, aprofundam-se as relações. Sentir-se ouvido, sentir-se respeitado e sentir-se parte de um movimento no qual você acredita faz bem para a alma.

 

O quanto você acha que o meio jurídico pode auxiliar neste novo momento da moda? Vemos os primeiros advogados começando a entender este movimento e pensar sobre formas de suporte. Qual sua visão sobre esta importante interação?

 

Conheci um advogado que falou assim: "quando a gente advoga, existe sempre um lado que perde e outro que ganha. Quero ter a oportunidade de advogar para que os dois lados ganhem". Acho que é bem isso, sabe? Precisamos de soluções “ganha-ganha-ganha”, onde ambos os lados ganham e o planeta ganha também. Existe muito espaço para este tipo de trabalho, mas é uma mudança de mindset.

 

Temos que virar uma chavinha na nossa cabeça e passar a buscar isso em tudo o que fazemos. Admiro muito o trabalho da ALINHA, por exemplo - http://www.alinha.me/ - tem um pedaço importante do trabalho deles que é essencialmente jurídico ajudando oficinas de costura e imigrantes a legalizarem seus negócios e encontrarem relações justas de trabalho. Também vejo muito espaço em políticas públicas. Temos muitos instrumentos que podem acelerar as mudanças que queremos ver no mundo, chegou a hora de usá-los.

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