
Paula Marques é um dos grandes nomes atuais da moda nacional. Com passagens relevantes pelas marcas Huis Clos e Alcaçuz, seu estilo próprio é marcante e agora a estilista assina a marca Paula Marques1971, que conta com bijouterias e itens de decoração. Seu histórico profissional e visões modernas interessam tanto ao mundo da moda quanto ao jurídico, e ela compartilha com o MORE Brands e Fashion suas opiniões.
Na sua visão, o que é moda (em uma palavra, ou uma frase)?
Moda é o modo como queremos ser vistos, ou reconhecidos, pelo outro. Como estilista, tento decodificar o que uma mulher contemporânea gostaria de usar.
Na sua visão, o que é direito (em uma palavra, ou uma frase)?
Direito é o que é justo, ético.
Verificamos que sua experiência na moda é vasta e conta com grandes nomes da área. Nos conte um pouco sobre sua trajetória. Como isso lhe ajudou a moldar seu estilo e como lhe motivou a desenvolver o trabalho artesanal que realiza atualmente?
Cursei moda na Anhembi Morumbi, e caminhava na direção de aperfeiçoar meus estudos fora do Brasil quando fui convidada, em 1994, por Clô Orozco, para ser sua assistente, na Huis Clos. Vem daí minha verdadeira escola. Clô tinha um olhar refinado e uma generosidade única em dividir seus conhecimentos de moda. Defendia a construção da modelagem, qualidade dos tecidos, trabalhava a moda como um desejo, muito além da tendência. Tinha formação em sociologia, e talvez por isso, a construção das coleções eram pautadas por imagens de viagens, livros, exposições de arte, filmes, tudo o que nos encantava naquele momento - um verdadeiro privilégio - sai da Huis Clos em 2001, tive minha própria marca de roupas, prestei consultoria para algumas marcas e fiquei por 9 anos na Alcaçuz, outra escola maravilhosa, me ampliou o olhar.
Sempre gostei muito de acessórios e em 2013 resolvi começar a desenhar bijuterias como um hobby, para exercitar a criação com liberdade, em um cenário complicado para a indústria de confecção. Cada coleção parte de um desejo, com tiragem limitada. A criação não se limita a bijoux, apenas. Já passeei pela decoração e acabo de lançar duas sandálias. Para este ano, pretendo lançar uma coleção de roupas, que ainda é o que mais gosto de fazer!
Pela sua perspectiva, como o movimento conhecido como slow fashion contribui para a moda brasileira? Qual é a relação deste movimento com os consumidores?
O movimento slow fashion tem tudo a ver com o momento da moda hoje. É a resposta que permite aos criadores coleções mais cuidadas e autorais, em tiragem muitas vezes limitadas e exclusivas, o que agrada ao consumidor exigente, cansado de uma moda massificada.
Em 2013, você lançou sua marca de bijuterias, a Paula Marques1971, focada na criação de peças especiais feitas artesanalmente e de tiragem limitada. Algum produto já foi alvo de cópia ou imitação? Se sim, quais foram as implicações do ocorrido e suas reações?
Acho que o criador respira moda, pesquisamos o tempo todo, e hoje a internet é um canal aberto. Muitas vezes achamos que criamos algo único e de repente nos deparamos com algo parecido. Acredito que meu trabalho não tenha sido alvo de cópia, talvez de inspiração (risos).
Como sua experiência e conhecimento adquiridos com mais de 20 anos trabalhando no ramo lhe permitiram enxergar os desdobramentos do universo jurídico no mundo da moda? Você observou uma maior interação entre essas duas áreas no decorrer dos anos?
Nunca participei de um processo jurídico na moda, a não ser pelo direito de uso do nome, de marca. Na Europa sei que isto funciona muito bem, já escutei várias histórias (a peça para não ser caracterizada como cópia precisa ter 7 diferenças). Acho que hoje esta interação com o jurídico é essencial. Faz parte de um crescimento, uma valorização.